segunda-feira, 10 de maio de 2010

BUGRA

Nasci no ambiente meio-entre-céu-e-terra.
Tenho pés de árvore e sigo o sol;
Escancarados olhos matutos,
Cérebro ventilado por cantares,
Pele tatuada em eternidade festiva de passarinhos.

Trabalho na roça de PAZ.

Vanda Ferreira

sábado, 8 de maio de 2010

À mamãe

(pag. 141 do livro Bugra Sarara/Vanda Ferreira/1992)

MÃE
És a senhora do exemplo,
revoas sem igual o meu ninho;
és a doçura do templo
que aloja o mais doce carinho.

És a legitima deusa
e meu coração seu altar,
ingênua dessa realeza
teu prazer é me endeusar.

MÃE
a tua exclusiva emoção
revela-se na lágrima benta
no sorriso do coração
que de felicidade se arrebenta.

MÃE
tens na face acampado,
fertilmente estampado,
um pujante rumor
que dispersa o puro amor.

EU PRODUZO
VOCÊ PRODUZ
NÓS PRODUZIMOS.
SOMOS, TODOS, PRODUTORES DE LIXO!
QUAL SERÁ SUA PRÓXIMA PRODUÇÃO?
QUAL O DESTINO DE SUA PRÓXIMA PRODUÇÃO????

Vanda Fereira Poeta del Mundo

http://www.poetasdelmundo.com:80/verInfo.asp?ID=3883

PÃO

Sovo pão nos departamentos bucais;
sede da língua
fome dos dentes,
linguagem do paladar
amassa-pão,
Celeste massa!

Boca cheia cria levedada fantasia
ejeta picância à saliva
para fermentar rodeios
invasões na varanda do pensamento.

Mastigo lembranças,
imagináveis emoções
estacionadas em desconhecida alvorada;

Divagações na avenida do crânio
trânsito livre
logro do esmo
idéias viajeiras para passado,
futuro, histórias, personagens,
pessoas e lugares ,
antiga e atual mente;

Na cumbuca cerebral
fornalha assa-pães.

como pão,
untado de especiarias matinais
Trituração de sal, fel, mel
Roça e curral.

Digestão libera verdades...
sangria de conclusão.